quinta-feira, abril 23, 2009

*AO SOM DO PIANO*


*Ao Som do Piano*

Pronunciei teu nome sob o silêncio
O teclado deslizou com euforia
Em cada tecla a canção em extasia
Soava como um lampejo milênio

Os acordes balavam sob o olhar
Da emoção que esposava o som
Numa dualidade das mãos em dom
Na partitura que a leitura faz vibrar

Declinei-me na janela mirei o luar
Que deslumbrava com a melodia
Enviando um olhar de alforria
Para a canção de canto secular

O teclado balbuciou teu nome
O sol oculto piscou o sobrenome

Sonia Nogueira *sogueira*

segunda-feira, abril 20, 2009

*Encante-me*

Com o mesmo brilho das palavras
Que flutuam como folhas vendaval
Na descontração que me embalas
Na fluidez da criação sem igual

Encante-me em qualquer primavera
Com ou sem flores postas à janela
Mesmo que falte sob a atmosfera
E o sol obscureça a aquarela

Na pequenez de todas as horas
Ou na distância em anonimato
No diálogo das frases outrora

Veste-me do teu céu com luares
Que seja na manhã de encanto
Ou no entardecer em teus pomares

Sogueira

No entardecer de abril, em pleno outono,
Em multicores sendas, quente e frio,
Depois do prolongado e duro estio,
Nas glebas da tristeza em abandono...

Do sonho mais profícuo, imenso sono,
O coração se eleva do vazio
E enquanto a solução eu penso e crio
As vestes que sufocam; abandono...

E creio que talvez reste uma chance
De ter além do quando a vista alcance
Pomares encharcados desta fruta

Que tanto imaginei, delícia e sumo,
Após o temporal, teimoso, aprumo
E o velho timoneiro ainda luta...

Marcos Loures
***
Sonia Nogueira

quarta-feira, abril 01, 2009

*AO MIRAR-TE*

*Ao Mirar-te*

Vejo a mão do escultor sobre a tela
Projetada com esmero e requinte
Numa amplidão mágica revela
Todo poder ao olhar de um pedinte

Para que tenha o mesmo direito
De usufruir da festança um naco
Mesmo como passageiro com preito
Pousar distante com olhar opaco

Tudo encontro no desenho da arte
Terra imensa sem alguma valia
Tesouros acumulados em baluarte
Mãos que trabalham outras em abolia

Tudo projetado em abundância
Luar poético ou vento em esplendor
A canção das aves em consonância
O gemido do trovão, do sol torpor

Está bem ali a tela suspensa no ar
Abastecida de amores e desamores
De sonhos que nunca vão brotar
De sucessos de domínio raptores

Tu terra amada fértil e grandiosa
Ao mirar-te em tua beleza suprema
Choro-te por tanta mancha nebulosa
E ocultas nela teu poder- dilema

Sonia Nogueira *sogueira*