domingo, fevereiro 18, 2007

MADRUGADA, no Cotidiano


MADRUGADA,
no Cotidiano
***
O vento zoava no ar
Madrugada adormecia
Sonos perambulavam a mente
Na penumbra, adormecia.

O vento soprava frio
Adentrava no ambiente
Aconchegava os lençóis
Num agasalho permanente

O corpo logo adormecia
Imagens sempre formavam
Um animal desvairado
Avançava, perseguia, rosnava.

Um bichano no telhado
Miava, miava, estridente.
Rasgava a noite silenciosa
Despertava toda gente

A voz do noticiário
Anunciava mais uma rotina
Com fatos desconcertantes
O palco abria a cortina

Mais um assalto surgia
Mais uma luz apagava
Mais impunidade acumulava
Mais um sorriso fechava

Mais uma lágrima caía
Mais uma dor sufocava
Mais um sonho fenecia
Mas, a vida continuava
*****
Sogueira

sexta-feira, fevereiro 09, 2007

*A JOÃO HÉLIO* a crinça mártir


**A João Hélio Fernandes**
a criança mártir
***
És símbolo desta nação
Do mártir inerme, indefeso
Que o destino ingrato uniu
Às mãos de grandes perversos

Ceifaram tua curta vida
Um botão a desabrochar
Mal teu perfume surgiu
Espinhos vieram sugar

Toda a nação chora
A lágrima de tua mãe
O peito apertando doído
Com tamanha comoção

Foste vítima do destino
De jovens, sem bases no lar
De pensamentos doentios
De mãos que não sabe afagar

Se tua mãe recebesse
Toda riqueza ofertada
A dor que leva consigo
Jamais será dissipada

Se uma coroa de rainha
Fosse a ela ofertada
Não dizimaria a dor
Para sempre lembrada

Deus proteja essa mãe
Dá magoa, a consolação
Que seu coração adormeça
Na paz, no amor, na união
As lágrimas da minha face
Junte-se ao povo servil
De mãos dadas rezemos
Pelas crianças do Brasil
*****
Sogueira

segunda-feira, fevereiro 05, 2007

* DIFÍCIL ESQUECER*


** Difícil Esquecer **

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Aquele olhar concentrado
Seus passos curtos cansados
Dependente em todo espaço
Com pensamentos bem vagos

O cavalo que montava
O chapéu, sempre usava
Quando chegava levava
Segurança, autoridade

A mesa onde sentava
Ao redor, filhos estavam
No almoço ou no jantar
O mesmo lugar ocupava

O leite mugido, espumado
Toda manhã despertava
Levado a mim bem cedo
Bigode de espuma ficava

Difícil mesmo esquecer
Lembranças mágicas, doídas
Deste meu pai querido
Nunca, jamais esquecido

São tantas recordações
De zelo, carinho, cuidado
Que o coração apertadinho
Chora, sorrir de saudade.

*****

Sogueira