domingo, novembro 11, 2007

*MÃOS QUE AMAM*

**Mãos Que Amam**
***
A mão que oferta flores perfumadas
Enlaça na certeza do toque afetuoso
Jamais atira pedra sempre acaricia
Acena na chegada contato carinhoso

Nas mãos está a oferta espalmada
Acolhe balouça a rede na varanda
Agita o coração acelera as badaladas
Aquece o corpo obedece e comanda

Nas tuas mãos o toque da palavra
A cura da receita oferecendo a calma
Mão que me aquece amor invade a alma

Segura minha mão mesmo na distância
Elevo o pensamento envio a bonança
Serenidade já alcança na lembrança

Nas flores perfumadas de teus braços
Tatuo meus caminhos, meu destino.
Na trama delicada vários passos
Levando ao sonho intenso de um menino

Vencido pelas dores; novos traços
De um tempo que, infeliz, não mais domino,
Apenas nos meus olhos frios aços,
Rondando meu caminho em desatino.

Mas tendo a flor nas mãos de quem desejo
Quem sabe eu poderei rever bonança
Na trança dos cabelos da menina

Que um dia percebeu que não termina
O sonho de quem traz uma esperança
Singrando ao paraíso que eu almejo...
*****
SOGUEIRA
Marcos Loures

*NA LUA PÁLIDA O AMOR*

**Na Lua Pálida o Amor**
*****
Na melancolia da lua pálida
Fitei teu olhar, embevecida
Sem nem ocultar das estrelas
A palavra que ainda sucumbia

O sonho já navega extasiado
Sentido o amor na noite cálida
Abranda o coração que silencia
E juntos contemplando noite fria

Como sonâmbulos saímos adiante
Aonde à vontade nos guiou
Paramos onde o vento nos levou

E a noite uma estrela iluminou
Em ousadia até a nuvem ali parou
Pra contemplar a natureza do amor

Nas fráguas desta lua, mil vigílias,
Nas curvas dos meus sonhos, riso franco.
Florindo em meu caminho belas tílias
Ao manto desta lua imensa, branco.
Sangria no meu peito, eu não estanco,
Na paz que desejamos, maravilhas,
No olhar deste prazer já não mais manco
E vivo em solidez as nossas trilhas.

Arcando com meus passos tua guia
Levando ao infinito deste amor.
A cada novo encanto, um sonhador

Nos aços transformados alegria
Pátio da tua rua, meu caminho,
Deitados sob a lua, beijo e vinho...
*****
SOGUEIRA
Marcos Loures

**SE EU PUDESSE**

**Se Eu Pudesse**
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Faria do sorriso uma lei
Da sinceridade obrigação
Da virtude trono e rei
Da maldade condenação
Da humildade uma glória
Da honestidade a vitória

Do pai a legalidade
Do filho a gratidão
Da lei a responsabilidade
Dos irmãos a comunhão
Da família a união
E pureza na alimentação

Ah! Se eu pudesse
Ser invisível ao mundo
Curar a úlcera da nação
Olhar bem o poço no fundo
Mostra que o amor salvação
É virtude é ressurreição
*****
Sogueira

*VALIDADE DOS SONHOS*

**Validade dos Sonhos**
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Vasculhai as gavetas dos sonhos
Muitos as traças roeram sem dó
Outros a validade foi mais breve
Dois permaneceram intactos sem pó

Há sonhos sem valência vigente
Impossível até sua execução
Outros o destino os destrói
Arrebata das mãos sem perdão

Há sonhos tão inconstantes
Que muda a mais simples palavra
São como viajantes andarilhos
A cada pouso outro sonho trava

Meus dois sonhos invioláveis
O mundo os pôs fora de moda
Se as janelas forem abertas
Escondem-se cabisbaixo, poda.
*****
Sogueira

**MINHA ILHA**

**Minha Ilha**
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Meu coração é uma ilha imensa
Cercada de amor por todos os lados
Em extensão menor que o mar
Maior no sonho voando alado

Não deixo a solidão me afogar
Nem alagar meu interior sossegado
As águas que me inundam
Só das lágrimas das saudades

Nesta ilha onde habito recuada
Os barcos que ancoram são remados
Das mais caras amizades desejadas
Que me levam uma rosa perfumada

Neste terreno menos extenso aqui
Reside um amor profundo e imenso
Que o mar em toda sua extensão
Seria lagoa sem banho intenso

Para entrar na minha ilha encantada
Tesouro de rara beleza herdado
Só com senha de segurança
Só um coração com amor despojado
*****
Sogueira

*RAINHA SEM COROA*

**Rainha sem Coroa**
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Dois olhinhos abismados
Vendo a rainha Sofia no trono
Tinha uma TV descolorada
O telão da vizinha era um sonho
Era tanto luxo e poder
Que a mente da pobre coitada
Imaginou-se princesa
Sonhado na rede acordada

Salve rainha mãe de misericórdia
Sou princesa das calçadas
Nas mãos como anel uma lata
Na cabaça o cabelo desalinhado
As vestes sujas rasgadas
Sem sorriso vagando do nada
Rogai por mim minha santa
Nada posso, caminho sem estrada.
*****
Sogueira

*AMOR DE POETA*

**Amor de Poeta**
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Ama escreve sentimentos idealismo
Viaja aonde o pensamento alcançar
Vai muito além do infinito até no abismo
Se o coração permitir sem esgotar

Viaja aonde o pensamento alcançar
A mensagem guardada em segredo
Se o coração permitir sem esgotar
Palavra antes relegada em degredo

A mensagem guardada em segredo
Postada sem reserva abre a janela
Palavra antes relegada em degredo
Ganha alforria ajoelha-se na capela

Postada sem reserva abre a janela
Em versos agora já lapidados
Ganha alforria ajoelha-se na capela
Faz uma prece ao amor antes negado

Em versos agora já lapidados
Exalta sem segredo todo lirismo
Ganha alforria ajoelha-se na capela
Ama escreve sentimentos idealismo
*****
Sogueira (Pantum)